O Vento e a Brisa

Certa vez, o vento e a brisa puseram-se a discutir sobre quem era mais importante. O primeiro declarava a sua onipotência baseando-se em sua força e altivez. Tentava reduzir sua adversária alegando que ela seria incapaz de realizar grandes movimentos dada a sua fraqueza e leveza. Ela, indignada, tentava se afirmar com veemência, discursando sobre o quanto era delicada, sutil e reconfortante e o quanto o vento, às vezes, por seu exagero – e, também, pela sua força – acabava por provocar a destruição.

Permaneceram ali, em meio àquela discussão, por horas a fio, atacando fortemente um ao outro. Exaustos, aquietaram-se. Uma andorinha que observava aquela movimentação desde o começo, aproximou-se dos dois e indagou:

– E então? Chegaram a alguma conclusão? Quem é o mais importante?

A brisa e o vento se entreolharam. Estavam derrotados. Não foram capazes de encontrar argumentos que convencessem um ao outro.

A andorinha então pôs-se a rir e disse:

– Não veem que são dois tolos? – Eles a olharam curiosos. – Não percebem que são partes de um mesmo todo e que são, portanto, ambos importantes? Não há nada melhor do que uma doce e leve brisa em choque contra o nosso corpo em um dia calor. Também não há nada melhor do que um vento forte para nos refrescar completamente à beira da praia ou de um rio. Ambos são importantes! Vocês são os mesmos, diferem apenas pela intensidade e... A depender do que irão fazer, serão suficientes, fracos ou fortes demais... Tudo depende daquilo a que se prestam a fazer.

O vento e a brisa se entreolharam. A andorinha saiu cantarolando pelo céu. Os dois puseram-se a rir, envergonhados pela discussão que agora achavam boba e abismados com a inteligência da pequena andorinha. Juntos, os dois entrecruzaram o céu, como um só. Em certos momentos, eram leves como a brisa, em outros eram fortes como o vento.

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